quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

UVB-76 - RÁDIO FANTASMA

Descoberta em 1982, a rádio de ondas curtas chamada UVB-76 transmite sons muito estranhos e sem sentido aparente. O som que a rádio transmite é vibrante, dura 0.8 segundos e se repete de 21 a 34 vezes por minuto, todos os dias.

Um minuto antes de cada hora,  o tom de repetição é trocado por um tom contínuo. Entre as 07:00 e 07:50, a estação abaixa o consumo de energia e é quando, aparentemente, a manutenção do transmissor acontece.



Desde de sua descoberta, a rádio emitia um repetitivo “bip” de dois segundos. Nos anos 90 foi substituído para uma campainha. Logo depois, trocaram para um tom mais alto e de duração maior, até que em janeiro de 2003, a rádio voltou a emitir o tom anterior. No dia 05/06/2010, a rádio ficou inoperante por 24 horas. Cinco dias depois, vários códigos morse foram transmitidos por cerca de 4 minutos.


É possível ouvir conversas distantes e outros ruídos ao fundo ocasionalmente, o que sugere que o dispositivo é operado com um microfone que capta tudo, de forma acidental ou proposital. Desde 1982, algumas vozes estranhas foram registradas. Algumas conversas, traduzidas do russo, diziam: “Eu sou o 143. Eu não recebo o oscilador (gerador)”, “Isso é o que a sala de operações está emitindo” ou “Essas são as ordens de operações.”


O objetivo da estação não foi confirmado por funcionários do governo ou de transmissão. Algumas teorias sugerem que a transmissão está constantemente a ser ouvida por comissariados militares, outras dizem respeito a um observatório mudanças de medição na ionosfera por transmitir um sinal de 4625 kHz. No entanto, isso não explica as mensagens de voz.


Fotos de satélite revelaram o local da estação em Pavarovo (Rússia), e um grupo de pesquisadores foi até ela investigar. Tiveram uma surpresa: Depararam-se com um local totalmente abandonado, cujos aparelhos datavam de muitos anos. Telefones, maquinários, documentos, mobília… Tudo. E nem tudo era aberto: Havia locais trancados, levando a lugares que eles não conseguiram acessar.

Após um longo tempo de pesquisa, alguns grupos de investigação amadora da UVB-76 descobriram que o sinal estavam emanando de  um gorodok voyenni perto da aldeia de Povarovo e, muito raramente, talvez uma vez a cada poucas semanas, a monotonia era quebrada por uma voz masculina recitando breves sequências de números e palavras, muitas vezes sequências de nomes russos: “Anna, Nikolai, Ivan, Tatyana, Roman…”



Até 2010 as transmissões da UVB-76 eram realizadas de um local próximo à Povarovo, uma cidade fechada  russa que fica a menos de 40 km de Moscou. Em setembro de 2010, transmissor da estação foi transferido para perto da cidade de Pskov, situada no noroeste da Rússia, a 70 km a leste da fronteira com a Estônia, e que possui pouco mais de 202.000 habitantes. Essa alteração na localização do transmissor pode ter sido realizada devido à reorganização das forças armadas russas. 

Em 2011, um grupo de exploradores urbanos explorou os edifícios abandonados em Povarovo e afirmam que se tratava de uma base militar abandonada. Um suposto registro de transmissões de rádio foi encontrado, confirmando o possível funcionamento de um transmissor no local 

Após o período de duas décadas onde os ouvintes de ondas curtas apenas acompanhavam a radio, começaram a aparecer os fanzines, os primeiros grupos de trocas de informações sobre a radio. Quando a internet surgiu com força total e sua característica aglutinante de pessoas do mundo todo em torno de temas comuns, a UVB-76 ganhou destaque. Surgiram vários grupos dedicados a estudar o intrigante mistério.


Parte do mistério da estação UVB-76 é que ela ainda existe. Nenhuma das grandes mudanças que marcaram a Rússia na última década,  desde a Guerra Fria,  as duas primeiras décadas do pós-guerra fria, a era  Gorbachev, a Perestroika , o fim da guerra no Afeganistão, a implosão soviética, o período Boris Yeltsin, o bombardeio do parlamento, a primeira guerra da Chechênia, os oligarcas, a crise financeira, a segunda guerra da Chechênia, a ascensão do Puttinismo… Tudo isso passou, o país sofreu profundas transforações em diversos níveis, mas  a  UVB-76 permaneceu uma perturbadora constante, sem maiores alterações, para espanto do insondável grupo de entusiastas de rádios de ondas curtas, que sintonizaram e vem documentando quase todos os sinais que são transmitidos. Embora a campainha (como eles apelidaram) sempre foi uma incógnita, foi também uma constante reconfortante, zumbindo com um obscuro, metrônomo através das décadas.


Conforme o tempo passa, o mistério só aumenta. E entre os diversos mistérios envolvidos nessa radio, um dos que eu acho talvez o maior é: por que? As pessoas se concentram no “pra que?” mas o “por que” também não se explica. Se são mensagens cifradas, qual a razão de usar um método tão arcaico quanto ondas curtas, que viajam pela ionosfera e precisam de quantidades BRUTAIS de energia? Fica caríssimo manter isso, ainda mais por mais de três décadas! Uma transmissão via satélite militar geoestacionário seria mais barata e mais fácil.

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